Após Magalu, Bayer anuncia programa trainee exclusivo para negros. Iniciativa é reparação histórica, diz MPT

 


Após Magazine Luiza, Bayer também anunciou que aceitará somente candidatos negros em seu programa de trainee 2021. Segundo a empresa, o Programa Liderança Negra Bayer será o primeiro em dez anos que traz um recorte étnico-racial. 

"Acreditamos no papel que a inclusão e diversidade tem de impulsionar a transformação. Por isso há mais de 5 anos anos nossa área de Inclusão & Diversidade vem fazendo parte da nossa estratégia de negócio" afirma a Bayer em comunicado.

"Nossa maior ambição é sermos reconhecidos como uma empresa inclusiva e diversa que desafia o status quo, rompe barreiras e lidera mudanças importantes no mercado onde atuamos", continua a nota.


"Essa jornada também resultou em diversas iniciativas internas, sendo uma delas os grupos de afinidade – que são compostos por colaboradores voluntários – são eles: Blend (LGBTQ+), All In (igualdade de gênero), BayAfro (étnico-racial), Enable (pcd) e Infinite (diversas gerações), além do Programa Wiser, que tem como objetivo empoderar mulheres na área de Tecnologia e Ciência, finaliza.

Pessoal, fiquem atentos! O processo de seleção ocorrerá de setembro a dezembro deste ano, com início dos trabalhos em janeiro de 2021. Para participar, é preciso ter concluído a graduação [bacharelado ou tecnólogo] ou pós-graduação entre dezembro de 207 e dezembro de 2020. É preciso ainda ter disponibilidade para mudar de cidade. Conhecimento de inglês não é exigido. Saiba mais.

MPF: trainee para negros é reparação histórica

Dias atrás, o programa trainee da Magalu virou alvo de polêmica por ser reservado somente para candidatos negros. A iniciativa sofreu ataques de conservadores e bolsonaristas nas redes. Dois  deputados do PSL-RJ, Carlos Jordy e Daniel Silveira, entraram com ações judiciais contra a empresa, alegando um suposto racismo reverso [contra brancos].



Jordy e Silveira falharam miseravelmente. O Ministério Público do Trabalho em SP indeferiu na última semana onze denúncias recebidas contra a Magalu de discriminação pelo fato de o processo de seleção da empresa excluir pessoas não negras. O órgão concluiu que o caso não se trata de violação trabalhista, mas de uma ação de reparação histórica.

Segundo uma das denúncias, a prática de racismo estaria no impedimento a "pessoas que não tenham o tom de pele desejado pela empresa" de participarem do programa de seleção.

O MPT afirmou no indeferimento das denúncias que a política da companha é legítima, não existe ato ilícito no processo seletivo e a reserva de vagas à pessoas negras é plenamente válida e configura ação afirmativa, além de "elemento de reparação histórica da exclusão da população negra do mercado de trabalho digno". Tal exclusão se traduz na falta de oportunidades de acesso ao emprego, na desigualdade de remuneração e na dificuldade de ascensão profissional, quando se compara à situação de pessoas brancas, afirma o órgão.


"O que os empregadores não podem fazer é criar seleções em que haja reserva de vagas ou preferência a candidatos que não integram grupos historicamente vulneráveis", disse a coordenadora nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho, procuradora Adriane Reis de Araujo.

Ações afirmativas como a da Magazine Luiza, salientou o MPT, possuem respaldo na Constituição Federal, no Estatuto da Igualdade Racial (lei 12.288/2010) e na Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, da qual o Brasil é signatário. Tais ações são também objeto de atuação estratégica e prioritária do próprio MPT, por meio do Projeto Nacional de Inclusão Social de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho, consolidado em 2018 na Nota Técnica do Grupo de Trabalho de Raça.

O MPT citou, em nota, que uma pesquisa do Instituto Ehtos com as 500 empresas de maior faturamento no país alertou que profissionais negros correspondiam somente a 5,3% dos postos de gerências e apenas 4,7% do quadro executivo. O estudo de 2017 ilustra, segundo o MPT, que nas posições de liderança se refletem as desigualdades raciais que impedem a representatividade majoritária da população negra, configurando o racismo estrutural que inviabiliza a equidade no mercado de trabalho.



Com informações da Agência Brasil.

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