Pode ser lembrança já sem a importância de outrora ou objeto que há tempos não se via e significa tanto. Curiosamente, quem sai com novo arranjo é a vida ou cada um de nós que se aventura nessas arrumações.
Dia desses, procurando por antigo CD da Alanis - lembra dela? - acabei encontrando um livro que foi indicado com muito carinho:
- LP, leia isto, é tentador!
Olho, curioso. Título instigante como cheiro da carne para tubarões. O subtítulo, matador. Letras miúdas transbordando discrição que não faz jus às palavras. No alto, em destaque, o nome do autor, digo autora, pouco familiar: Hilda Hilst.
A diferença de tipografia e importância entre eles aguçam a curiosidade. Quem terá sido ela? Não fazia ideia, mas teve peito para escrever Contos d'Escárnio - Textos Grotescos.
Para finalizar, como cereja no topo do bolo, imagem de uma banana pronta para ser degustada, pequena e com tratamento gráfico que lhe confere brilho e maciez. Não sei os outros, mas capa provocante, não necessariamente bonita, me deixa com mais tesão para desbravar o conteúdo.
Aconteceu há dois anos. Não nos vimos mais.
A vida seguiu, o mundo girou, eu mudei. Mudei mesmo - de apartamento. O que acabou por manter o livro no ostracismo da gaveta. Qual não foi minha surpresa ao me deparar com ele:
- Caraca, tenho que devolver! Não, pera! Vou ler primeiro...
Parecia leão matando a fome, tamanha voracidade devorei a história maliciosamente contada por Hilda. Literatura da boa e sem pudores. Pornografia idem. A obra não nega o título e narra as lembranças devassas de um tiozão que soube ~gozar~ a vida.
Jamais, em tempo algum, toque nesse livro, se pudico ou cheio de fricotes. Ele despertará sensações libidinosas com as quais não saberá lidar. Curioso ou considera sexo multifacetado e sem amarras [às vezes com amarras hehe] universo a ser explorado? Cai dentro. Como diria o pensador contemporâneo Silvio Santos, é por sua conta e risco ;)
Hilda Hist, não sei se existe céu para quem escreve algo tão mundano, mas do panteão dos grandes escritores onde está, obrigado pela obra. Foi um prazer.
Na contracapa, há breve resumo sobre a autora. Sugiro deixar para ler após o derradeiro ponto final, imaginar a mulher por trás de cenas eroticamente dantescas é motivante.
Rafaela Oliveira, obrigado pelo empréstimo. Tracei o livro em dois dias, mas não se preocupe. Ele está inteiro e louco para voltar às suas mãos macias. Vamos combinar um chopp!
Em tempo, o Gif lá do alto, eu que fiz - o primeiro em toda vida [não repare na resolução, usei fotos do celular] -. Sempre é tempo para novas experiências.
Ilustrações de Andre da Loba