Morre Quino, criador da Mafalda. Artistas prestam homenagens


Pai da contestadora e rebelde Mafalda, o cartunista argentino Quino morreu nesta quarta-feira, 30, aos 88 anos. A informação foi confirmada pelo editor Daniel Divinsky,.

"Quino morreu. Todas as pessoas boas do país e do mundo ficarão de luto por ele", escreveu. 



A causa da morte não foi oficialmente divulgada. De acordo com a imprensa argentina, o artista sofreu um acidente vascular cerebral nos últimos dias.

Quem foi Quino?

Criador das histórias em quadrinhos mais traduzidas da língua espanhola, Joaquín Salvador Lavado Tejón nasceu em 1932, em Mendoza, na Argentina, e começou a desenhar ainda na infância. Filho de imigrantes espanhóis da Andaluzia, Quino chegou a iniciar Faculdade de Belas Artes, mas abandonou o curso em 1949, para se dedicar aos quadrinhos.

De início, enfrentou dificuldades para encontrar trabalho no ramo das artes gráficas. Em 1954, após prestar o serviço militar obrigatório, Quino estabeleceu-se em Buenos Aires e começou a colaborar com diversas revistas de humor. A primeira coletânea com suas tirinhas, "Mundo Quino", foi publicada em 1963.

Mafalda

Sua personagem mais famosa é uma carismática garotinha de seis anos preocupada com grandes questões da humanidade, como a paz mundial e o meio ambiente. Mafalda foi criada por Quino no seu primeiro emprego como desenhista publicitário, em 1962 A personagem surgiu inicialmente para uma campanha de marketing que foi cancelada antes mesmo da veiculação. 

Em 1964, Quino reformulou o projeto e Mafalda começou a ser publicada regularmente nos jornais argentinos a partir de 1964. A personagem completou 56 anos nesta segunda, 29 de setembro, dia em que sua primeira tirinha foi publicada.

Nas histórias, Mafalda frequentemente incomoda os adultos com perguntas sobre as incoerências e injustiças do mundo. A menininha também é conhecida por ser fã dos Beatles e por odiar sopas. Suas coletâneas foram traduzidas para mais de 30 idiomas.

Nos anos 1970, a personagem ganhou uma adaptação para os desenhos animados. Em 1973,, após quase 2 mil tirinhas, Quino decidiu não mais desenhar Mafalda, alegando que suas ideias haviam se esgotado. Na década de 1980, a personagem estrelou campanhas da Unicef e dos Direitos Humanos. Mafalda também chegou aos cinemas, como protagonistas de um filme produzido na Argentina e lançado em 1982.

Em 2014, questionado em uma entrevista se a personagem manteria seu olhar crítico do mundo tantos anos depois, Quino respondeu que sim. "E tem mais argumentos ainda. Se você ver os jornais, não precisa nem perguntar o porquê". Atualmente, as 1.978 tiras de Mafalda são republicadas em forma de coletânea.

Após dar fim à personagem, o cartunistas se exilou por um tempo em Milão, na Itália, onde a partir de 1976 continuou a trabalhar com humor gráfico. Nos anos seguintes, Quino continuou a criar histórias com tom político, muitas sobre opressão e desigualdade social, para jornais de vários países. Recentemente havia voltado a morar em sua terra natal, na Argentina, após a morte da esposa, Alicia Colombo, em 2017.

Homenagens

Colegas cartunistas e artistas homenagearam Quino nesta quinta-feira.

"Lá se foi meu segundo pai", lamentou o argentino Miguel Rep, que teve grande apoio de Quino no início da carreira. Rep ilustrou o mestre como o personagem de Saint-Exupéry e escreveu: "O verdadeiro Pequeno Príncipe era Quino".



"Sua linda Mafalda será eterna. Boa viagem", despediu-se o ator Édgar Vivar, que interpretou Nhonho e Seu Barriga no seriado Chaves.



Laerte trouxe uma charge de 2014 em que "denuncia" a influência do cartunista hermano. "Acabei de saber que o Quino morreu. Ô coisa triste", também escreveu.



Maurício de Sousa e a Turma da Mônica também expressaram seus sentimenos:



Em sua conta pessoal no Twitter, o cartunista brasileiro lembrou que Mafalda e Mônica "nasceram" quase no mesmo ano.



O cantor Emicida fez um singelo agradecimento em forma de despedida.



O escritor Paulo Coelho também agradeceu, a mensagem acompanha uma charge onde Mafalda aparece aol lado de um globo terrestre com os dizeres "Cuidado!Irresponsáveis trabalhando"



"Eles ficaram órfãos", escreveu o escritor espanhol Fernando Aramburu.



Gregório Duvivier também se despediu, o ator e humorista usou um emoji triste chorando para expressar seu pesar.



Alexandre Nero, ator:

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#ripquino ❤️😢

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"Mafalda foi sempre contestadora, amava o mundo, os animais, enfim, uma criança!! Um símbolo da Argentina que se vai mas que estará pra sempre em nossos corações", escreveu o cantor Bruno Gouveia, da banda Biquini Cavadão.



Essa foi a homenagem do Latuff:



E essa foi do cartunista Paulo Crubim:



"Mais que uma HQ, sua criação ajudou a moldar o pensamento político de muitas pessoas. Eu me incluo nessa categoria. Descanse em Paz, mestre", escreveu o cantor Thedy Corrêa, do grupo Nenhum de Nós, sentetizando o sentimento de milhares de admiradores da obra de Quino.



O humorista argentino Matzorama fez um convite aos fãs de Quino. "Me recordo o dia e lugar em que vi essa tirinha. Desde então, me apaixonei pelo humor e pelo o que fazia Quino. Se tem uma tirinha favorita, compartilhe. E em vez de lamentar, festejemos o legado que nos deixou em vida", escreveu.



"Poucas pessoas marcaram tantas gerações com sua arte. Uma vez disse: Mafalda não me abandona porque aqueles dramas sociais seguem atuais'. Que sua obra nos faça refletir e nos perguntar por que continuamos enfrentando os mesmos problemas", escreveu a modelo e atriz argentina Luciana Salazar.



Adão Iturrusgarai, cartunista:



Mais um "EITA" pra conta de 2020.

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