Barbie gordinha e etc: imaginação em todas as formas e tamanhos - A grande mudança da Mattel em 57 anos



Alta, loira e mega master magra, Barbie sempre foi aquela boneca que toda menina queria ser.




Após trilhões de críticas por propagar um ideal de beleza feminina quase impossível, a Mattel, fabricante da Barbie, resolveu se posicionar, ou melhor, se reposicionar.

Em vez de dar de ombros, parou para ouvir as críticas e percebeu que o mundo havia mudado. O que empresa fez? Mudou com ele.

Tá tendo Barbie e se reclamar vai ter mais

Em julho do ano passado, a Mattel criou a campanha Imagine The Possibilities [Imagine as Possibilidades] com o objetivo de alertar as meninas de que elas podem ser o que quiserem, da forma que quiserem.

A ideia é se livrar dos estereótipos criados anteriormente pela própria marca, como o de meninas brincarem apenas de "casinha".


No vídeo, as garotas aparecem em diversos papéis: professora, médica, executiva e até juíza de futebol. Curiosidade bacana: foram as meninas que escolheram o que queriam interpretar.

Criação da BBDO de São Francisco e produção da Slim Pictures Inc.

Dá o play lá em cima.


Outro estereótipo que a empresa fez subir para o telhado foi o de que meninos não podem brincar com bonecas.

Pela 1ª vez, a Mattel colocou um garoto em um comercial. No filme em parceria com a Moschino, o menino aparece se divertindo com os brinquedos que ganharam roupas e acessórios da grife.




A coleção especial foi vendida no site Net-a-Porter e se esgotou em menos de uma hora. Tacale um belo foda-se e daí para os preconceitos de gênero.




Confira:



A Mattel não ficou só no mimimi. Além da publicidade, as mudanças envolveram toda a empresa, inclusive a linha de produção.

Os dias de exclusivamente magra, branca e loira da boneca estavam contados. A marca lançou novos tons de pele, etnias e cabelo.

Na linha Barbie Fashionista, com 23 modelos, ela também pode ser oriental, morena ou negra e os cabelos, pretos ruivos, lisos ou crespos.


Trocando em miúdos, o aumento na diversidade da marca englobava oito tons de pele diferentes, 14 rostos, 22 tipos de cabelo, 23 cores de cabelo, 18 cores de olhos e Barbies mais parecidas com mulheres de verdade.

Mais: os calcanhares da boneca se tornaram flexíveis. Que importância tem isso? Muita gente se incomodava com o pé da moça sempre pronto para receber salto alto. "E se eu não quiser usar salto?", se perguntavam.

Ficou faltando apenas o corpo. Ela continuava muito magra e as pernas mega, blaster longas.

Agora não falta mais. Confira:



A Mattel acaba de anunciar três novos formatos de corpo para a Barbie. Uma grande mudança - a maior e mais esperada de todos os tempos ever em 57 anos da boneca.

Além do shape "original", agora há o curvy, mais baixo e "cheio" nos braços, pernas e cintura; o petite, baixa, e o tall, alta.


O filme acima que apresentou os novos modelos de corpo é uma mega celebração das diferenças. Lembra a importância da produção de bonecas que representem as mulheres em toda a sua diversidade.

Estrelado por meninas de variadas raças e caraterísticas, The Evolution of Barbie explica como se deu o processo de criação das novas Barbies e mostra porque a novidade é tão importante por meio de comentários de suas principais consumidoras, as crianças.


Sob a assinatura "A imaginação vem em todas as formas e tamanhos", o comercial é o 1º dirigido por Rory Kennedy, aclamada documentarista indicada ao Oscar por Last Days of Vietnam.

Criação da BBDO de San Francisco e produção da Nonfiction Unlimited.


Com novos formatos mais próximos da realidade, a marca pretende deixar para trás os tempos de vidraça pelo padrão de beleza fantasioso da boneca original.

Os lançamentos atendem à uma nova dinâmica da sociedade, cada vez mais atenta a temas como diversidade, feminismo e inclusão.




Segundo a Time, que lascou a Barbie na capa da revista, o projeto de rebranding era tão secreto que durante seu desenvolvimento foi batizado de Project Dawn [Projeto Amanhecer], para que nem os familiares dos funcionários desconfiassem da novidade.

Apesar de querer atender às demandas de uma nova geração, a Mattel espera receber muitas críticas e poréns, especialmente pelos limitados termos curvy, petite e tall.

A empresa tem consciência de que apenas três novos formatos não refletem a variedade de corpos e belezas.


Por conta disso, criou um canal por telefone, somente para receber críticas e comentários sobre as novas bonecas.

Elas estão à venda no Barbie.com e nas lojas físicas em breve.

Veja o anúncio da novidade no Instagram:


A iniciativa da Mattel pode parecer pouco significativa para os machistas-de-plantão, afinal "são apenas bonecas", mas têm alto impacto no público feminino, especialmente o infanto-juvenil.

Lembra do garoto brasileiro que curtiu o boneco Finn?




O abraço à diversidade, além bem-vindo, pode ser a solução para a empresa que percebeu uma queda nas vendas da Barbie nos últimos tempos. Como líder de mercado, em breve deverá ser seguida por outros fabricantes.





No Twitter, internautas comemoraram e elogiaram a mudança. Aqui de boas, vendo o que vai ter de mulher querendo comprar um modelo que se pareça com ela própria.

Deixa as minas. Realizar um sonho de infância não tem preço ;)