Turma da Mônica da quebrada: e se Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão fossem cria da favela


Os queridos moradores do bairro do Limoeiro subiram o morro e caíram no funk. Obra de Gabriel Jardim, o quadrinista de 24 anos se inspirou nos manos e minas da periferia para criar a versão Baile de Favela da Turma da Mônica.

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Parte da infância dos BRs há gerações, os personagens de Maurício de Sousa têm se adaptado com sucesso aos novos tempos. Dos velhos gibis, eles foram evoluindo a ponto de ganhar versões em graphic novels, em mangá, uma versão "Toy", cresceram para formar a Turma da Mônica Jovem, entraram no Twitter e agora se preparam para estrear nos cinemas em live act.

O que ninguém esperava é que o bonde fosse subir o morro.


A Turma da Mônica da quebrada foi idealizada por Gabriel Jardim, de João Pessoa [PB]. O quadrinista "em progresso", como ele se descreve, é formado em Comunicação em Mídias Digitais pela Universidade Federal da Paraíba [UFPB].

Gabriel começou a desenhar ainda criança, influenciado por ver a mãe fazer pinturas e o pai esculturas, ambos por hobby. Mais tarde, conheceu Mike Deodato que é da Paraíba e desenha para a Marvel, e resolveu seguir carreira como quadrinista


Com vocês: Monicat, DJ Cebola, Maga Li e MC Cascão. A Turma da Mônica em uma versão tão próxima da realidade de milhares de jovens da periferia foi postada por Gabriel em seu perfil no Twitter, no domingo, 4, e chamou a atenção da internet - até o momento, foram mais de 78 mil curtidas, 26 mil retuítes e avante.

"A ideia é trazer representatividade, mostrar como seria a vida deles no morro, é basicamente explorar esse lado", conta o ilustrador em entrevista ao Kondzilla.


Gabriel revela ter se inspirado em trabalhos de artistas renomados, como Gabriel Picolo, que recriou os Jovens Titãs, da DC, como adolescentes normais, e a série "Rap em Quadrinhos", em que rappers brasileiros viram super-heróis, como os da Marvel, idealizada pelo youtuber Gil Santos [Load] e o designer Wagner Loud,. "É a Turma da Mônica com cultura de funk e morro", resume.

O ilustrador afirma que considera muito importante colocar representatividade no seu trabalho e, por ser seu primeiro projeto online, espera que ele se espalhe para chegar até os jovens do morro Brasil afora.


Sobre o processo de criação, Gabriel revela que "a música ajuda muito nesse trabalho. Não tinha como ouvir outra coisa que não fosse funk". O artista confessou que chegou a fazer uma playlist para inspirar na elaboração dos desenhos.

Outro recurso foi buscar referências nos próprios artistas de funk. Assim, a cantora Anitta foi musa inspiradora para Monicat, MC Pocahontas para Maga Li, o DJ Kalfani, inspirou o DJ Cebola e MC Guimé foi a a fonte de inspiração para o MC Cascão.


"Eu quis reinterpretar os personagens nessa releitura do funk e da favela. O Cascão seria o MC, tem mais a cara dele. O Cebolinha seria o DJ, até porque tem o problema da fala. A Magali como outra MC e a Mônica como dançarina. Quis subverter um pouco, com o Cascão sendo protagonista. Apesar que os quatro são. Só não queria que ficasse em cima da Mônica”, conta Gabriel.

Os personagens trazem soluções interessantes. O cabelo espetado do Cebolinha virou um logo no boné - pra quem jura que parece uma folha de maconha, o ilustrador garante que não foi a intenção. Já o coelho Sansão aparece como a mochila da Mônica.




O buzz está sendo enorme para a surpresa de Gabriel. "Estou achando incrível e um pouco assustado também. Não esperava uma repercussão tão grande assim, não consigo nem acompanhar tudo que falam", disse à Vice.

No Twitter, as pessoas estão perguntando se outros personagens da Turma da Mônica também vão entrar no bonde e ganhar uma versão funk. "Eu quero fazer outros personagens, mas a principio vou trabalhar focado nesses quatro, estou produzindo uma segunda leva para esses personagens, eu já tenho duas criações na cabeça que ao longo da semana irei fazer, mas tenho sim vontade de criar outros personagens", revelou ao Kondzilla.




Ainda sobre a repercussão, o artista respondeu à Vice que não sabe como reagiria se Maurício de Sousa soubesse do seu trabalho ou se alguns dos artistas fizessem menção à Turma da Morro. Ainda nem pensou nisso, diz.

Sobre uma possível parceria com o MSP, o quadrinista é pé no chão. "Tem gente dizendo que quer uma graphic [do estúdio] nesse estilo. Eu acharia muito massa, mas bem improvável. A linha editorial deles barraria e eu compreendo perfeitamente".

Pode até ser, Gabriel. Mas que a gente queria, queria.

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