Catuaba: doce e salvagem, a bebida tá na moda



Por muito, muito tempo, a catuaba ficou relegada aos botecos e pés-sujos, carregando a fama de produto de segunda linha. Nos últimos três anos, entretanto, a bebida genuinamente brasileira caiu nas graças da galera descolada e vem bombando em barracas e barzinhos de lugares como Vila Madalena, em São Paulo, e Lapa, no Rio de Janeiro.

No Carnaval deste ano, a catuaba foi definitivamente elevada à condição de estrela. A bebida conquistou o título de queridinha da turma, livrando-se de vez da imagem negativa ao embalar pelos bloquinhos a alegria dos foliões de diferentes classes sociais.

Cá entre nós, se catuaba fosse chinelo, chamaria Havaianas.


A festa de Momo acabou, mas a bebida continua na boca do povo. A catuaba chegou, enfim, ao topo das gôndolas e entrou, finalmente, para o cardápio de bares e restaurantes como o ingrediente principal de drinks.



A receita? Um carisma irresistível com apelos afrodisíacos e um custo, ó, que cabe em qualquer bolso. No supermercado, a garrafa de um litro custa em torno de 10 reais. Já na balada, a dose sai por 6 reais, em média, o preço de uma latinha de cerveja direto do isopor.

O sabor adocicado, a possibilidade de beber devagar porque, diferentemente da cervejinha, não fica ruim quando esquenta e a onda que bate sem demora, graças ao teor alcoólico de 16%, como o do vinho tinto, também ajudam a explicar o sucesso da bebida entre os jovens.


Tá tirando onda, Catu!


Catuaba é um nome genérico para várias plantas que crescem em diversas regiões do Brasil. O professor João Calixto, da UFSC, que estuda uma variedade vinda da Bahia, explica que a erva tem propriedades vasodilatadoras, o que chega a dar uma mãozinha para a ereção, mas não é capaz de acabar com a paumolecência.

O pesquisador que coordena testes para fabricar remédios contra a depressão a partir do vegetal explica que não foram observados poderes estimulantes, mas propriedades antidepressivas e analgésicas na Catuaba.

Ou seja, a fama de afrodisíaca é só fama mesmo. Fuén, fuén, fuén!


Deu ruim pra Catuaba? Nem tanto, isso porque o segredo do sucesso da bebida extrapola a fama de afrodisíaca. Vamos a eles:

Custo-benefício elevado: "Dá onda e é baratinha".  Nos bares, o valor médio da garrafa de 1 litro custa em torno de 20 reais. Deixa geral bebo sem gastar muito.

Como me sinto quando bate o efeito catuaba:

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Tacale açúcar: o sabor doce camufla os 16% de teor alcoólico da bebida. Forte e docinha, a galera pira!



Xixi sob controle: a catuaba não dá tanta vontade de ir ao banheiro como a cerveja. Não se sabe o motivo ainda, explicam os especialistas. De concreto, só o fato de que há menos água na sua composição do que na concorrente.

Antidepressiva e analgésica: a catuaba é feita à base de ervas com propriedades medicinais, sim. Não chega a ser uma potencializadora do apetite sexual, mas atua como vasodilatadora. Fora que o álcool vai te deixar mais ~corajoso~. Precisando de um estímulo pra chegar no crush? Catu taí pra isso.


Enfim, tá na moda!


Catuaba Selvagem, a marca mais famosa, é feita com vinho, fermentado de maçã e extratos de catuaba, guaraná e marapuama. A bebida mais que triplicou sua produção nos últimos anos. Não à toa espera vender 38 milhões de litros só neste ano.


O rótulo é de 1992, a ilustração com uma pegada retrô de um mano fortão, do tipo pegador, dando um arroxa numa mina gostosa reforça a vibe sexual e o apelo entre os jovens. "Me inspirei na imagem do Conan, um homem supermásculo, acompanhado de uma supermulher", revela o ilustrador carioca Benicio, 77, criador da ilustra clássica de Catuaba Selvagem e de centenas de imagens a partir da década de 1950 - são dele  os pôsteres dos filmes dos Trapalhões e de produções nacionais como Dona Flor e Seus Dois Maridos.

A Catuaba selvagem aproveita a boa fase de musa. Na época da prisão do Eike Batista, no final de janeiro, o empresário concedia uma entrevista a uma TV no aeroporto de Nova York quando um mano gritou: "Vai tomar Catuaba Selvagem lá com seu colega [Sérgio] Cabral!".

O vídeo bombou na internê, gerando mídia espontânea pra marca.



"É um produto que existe há mais de 20 anos e agora vive sua melhor fase", conta Marcos Medeiros, gerente regional da Arbor, fabricante da bebida. Almejando voos maiores, a Catuaba planeja conquistar os EUA.

Energia não vai faltar à Catu ;)

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