Marina Ruy Barbosa estrela campanha de papel higiênico preto. Ação cai na zoeira da web e provoca uma puta treta


A atriz Marina Ruy Barbosa foi chamada pra emprestar sua belezura e seduzência à campanha de lançamento de um papel higiênico "de luxo".

O produto, chamado Vip Black, é o "primeiro da cor preta no mercado brasileiro", segundo a marca.


"Você disse papel higiênico "de luxo"?"

Sim, se existem jeans, sanduíches e até picolés do tipo premium, por que não um papel higiênico? Parece bizarro, mas do ponto de vista mercadológico até que pode dar certo.







Marina posou para as lentes do badalado fotógrafo Bob Woodward.


Saiu até na Caras:




A novidade divulgada nesta segunda-feira, 23, chamou a atenção da interwebz:




Pausa pra pergunta que não quer calar:




E tacale zoeira:




"Um papel higiênico preto é a pior ideia já tida desde a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência. 'Como é que o sujeito vai saber que já terminou o serviço? Aquela última passada que sai em branco fica impossível'", ironizou o Sensacionalista.




Como se vê, alguns gostaram outros nem tanto. É aquele ditado, né! Gosto é como c*, cada um tem o seu.


O lançamento poderia ter apenas virado piada na internê não fosse a campanha da linha Personal da Santher dar um tiro que ~saiu pela culatra~.




Na tentativa de associar o produto ao seu maior diferencial, a cor preta - tida como símbolo de elegância e requinte - a campanha assinada pela Neogama adotou o slogan "Black is Beautiful", além de usar a frase como hashtag.

A expressão é um importante símbolo de empoderamento do movimento negro. O novo papel higiênico preto não é racista, mas seu slogan sim.


"Negro é lindo. Na década de 60, punhos cerrados se ergueram ao ar para eliminar a noção de que as características naturais de pessoas negras - como cor da pele, traços faciais e cabelo - eram feias. A frase (e a ideia) eternizou. Agora, a Personal pega esta MESMA frase - hoje, hastag [sic] - e ESVAZIA o seu significado para promover um papel higiênico preto. Um tremendo desrespeito aos revolucionários da década de 60. Um desrespeito descomunal a nós negros, que bebemos desta fonte para nos fortalecermos", desabafou uma mulher nas redes sociais.

Porra, Personal! Aí não tem como te defender.




Antes de alguém sair por aí dizendo que a indignação não passa de mimimi, é importante lembrar que...

A frase "Black is Beautiful" é um dos maiores legados do movimento negro nos EUA da década de 1960 por lutar por direitos civis, combater o racismo e exaltar a beleza negra. Nina Simone, Panteras Negras e outras personalidades enalteceram suas origens africanas como forma de resistência à opressão e genocídio da população negra promovidos pela sociedade civil e racista da época com a participação e anuência do Estado norte-americano.

"Black is Beautiful" é um conceito historicamente construído pela militância negra às custas de muita luta, mortes e sofrimento de toda uma raça do qual a marca se apropriou pra vender papel higiênico. Justo no Brasil onde a população negra é constantemente marcada por sofrer várias formas de violência.




"Se você digitar 'black is beautiful' em QUALQUER LUGAR DO MUNDO, você encontrará referências a Angela Davis, Malcolm X, O Partido Panteras Negras para Autodefesa, Fela Kuti, James Baldwin, Nina Simone, mas não no Brasil", comenta o escritor Anderson França no Facebook.



Ativistas lembram que a campanha acontece diante de um genocídio da juventude negra ignorado pela mídia e de uma sociedade que ainda hiperssexualiza o corpo da mulher negra, mas não o considera belo ou requintado para formar o lar tradicionalmente brasileiro, público-alvo da iniciativa.

"O desrespeito não tem limites", afirma o Coletivo Sistema Negro num papo reto para a marca.



"É uma coisa que debatemos constantemente: o cuidado com as palavras e as diversas conotações que elas podem ter. Não quero acreditar que a concepção tenha motivação racista, mas, com certeza, faltou um trabalho mais elaborado de pesquisa histórica", observou o especialista em Marketing e professor Valdênio Rodrigues.


Após a ~cagada~, a marca excluiu da campanha todas as referências à frase. Já Marina Ruy Barbosa fechou os comentário para a postagem da ação em sua conta no Instagram. E, no Youtube, o título do vídeo foi alterado.

Por comunicado em seu site, a Santher afirma que "jamais teve qualquer intenção de provocar uma discussão de cunho racial". O objetivo da campanha era "enfatizar a beleza e a sofisticação da cor preta, considerada ícone de estilo, luxo e refinamento". Ainda na nota, a empresa pediu desculpas a quem se sentiu ofendido. "Desta forma, a Companhia vem a público informar que o slogan já foi retirado da campanha, além de apresentar suas desculpas por eventual associação equivocada da frase adotada ao movimento negro, que tanto respeitamos e admiramos".


A polêmica campanha da Neogama pra linha de papel higiênico Personal ganhou as ruas em um momento em que as pessoas não estão mais dispostas a se calar diante do racismo. Polemizar certamente não foi intenção da agência, mas a Personal acabou entrando, assim como a Dove, pra incômoda lista de marcas que deram fail ao se comunicar com o público.

Errou feio, errou rude.

Atualização 25.10.2017

Assim como a marca, a atriz Marina Ruy Barbosa também pediu desculpas pela mensagem racista involuntariamente passada pela campanha.




Confira mais reações:


































Veja também:

Uma corrida valendo dinheiro e uma lição de vida comovente e necessária
Chega de fingir que é normal: experimento social expõe racismo no Brasil e repercute nas redes sociais
Dove é acusada de racismo e se desculpa após treta nas redes sociais
Criatividade e preconceito: as 50 melhores frases do Twitter
Polenguinho é atacada após referência a Pink Floyd: homofóbicos confundiram arco-íris com imagem LGBT
Temos mais em comum do que pensamos: em tempos de ódio, um vídeo emocionante e necessário
"Segure firme": uma poderosa mensagem de amor contra homofobia
Budweiser provoca pessoas a ser quem elas quiserem. Nova campanha é ode à liberdade
Sobre rótulos e trajes
O treino que muda opiniões
Sobre sensações e comprimentos
O que te move?
Do que você tem medo? | What I Be Project - Steve Rosenfield
6 Homens são reunidos numa sala escura. O que acontece ao acender das luzes é surpreendente
Sobre bananas, preconceitos e internet | #SomosTodosMacacos
Coca-Cola retira marca das latinhas para combater o preconceito
Velho é seu preconceito: Let's Take an Extra Second | Gradma
Entre tantos destinos, eles escolheram o amor | Dia das Mães Gol
O Amor desconhece rótulos: beijos e carinhos no raio-x | Ad Council
Dicionário Houaiss muda a definição de família
Meet Uncle Drew: Pepsi quebra paradigmas em campanha para divulgar novo sabor