Disney compra Fox. Leva X-Men, Avatar e Deadpool, além de séries e animações para público adulto


Mickey Mouse ganhou novos amigos. Depois de semanas de negociações e especulações, Disney confirmou a compra de partes da Fox por aproximadamente 52,4 bilhões de doletas.

Com a aquisição, a companhia que tem uma puta fome pela diversificação de conteúdo concentra franquias bilionárias, incluindo estúdios de cinema e TV, além de participações no Hulu.


O impacto da compra da Fox pela Disney é gigantesco. Lança dúvidas sobre o futuro de filmes independentes e transforma a batalha do setor de streaming, entre outros reflexos ainda não delineados.

Diga olar para a mais nova dona e proprietária de X-Men, Avatar, Quarteto Fantástico, Deadpool, Percy Jackson e mais.

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Vem que no caminho te explico.

Pra se ter uma ideia da amplitude do negócio, "Avatar" [2009], a maior bilheteria de todos os tempos, do alto dos seus 2,78 bilhões de dólares arrecadados, é da Fox. Suas aguardadas sequências não serão.

James Cameron pretende lançar mais 4 filmes da franquia entre 2020 e 2025, todas levarão o selo Disney.


Acompanhe como rolou a negociação Disney-Fox [se quiser, pode pular para a parte dos filmes, séries e animações]

A tour começou em 2009 com a aquisição da Marvel. A empresa, outro gigante do conteúdo, fizera ao longo dos anos diversos acordos com parceiros como Fox e Sony pelo direito de personagens e franquias. Uma das mais rentáveis, "X-Men", era direito da Fox que, oito anos atrás, não tinha interesse em abrir mão dele.

Quase uma década depois, a Disney fatura bilhões com filmes de personagens Marvel, provando que manja dos paranauês de super-heróis tanto quanto de bichinhos falantes e princesas. Somando adaptações live-action de seus desenhos, animações da Pixar, filmes de Star Wars e de outras franquias mega bem sucedidas, o estúdio se consolidou na liderança de megablockbusters - especialmente pela tríade "Rogue One" [Star Wars], "Procurando Dory" [Pixar] e "Capitão América: Guerra Civil" [Marvel].

Em 2016, a Disney [ou Buena Vista] foi o estúdio mais lucrativo de Hollywood, faturando 3 bilhões de dólares nos EUA, ou 26,3% de todo o setor. A Fox foi 3º, com 1,4 bilhão [12,9%], atrás também da Warner, com 1,9 bilhão de dólares [16,7%]. Se já fosse dona da Fox, os estúdios somariam 39% das bilheterias. Isto quer dizer que a cada 10 ingressos comprados, 4 seriam Disney-Fox.

Em 2017, a Disney, com 1,8 bilhão de dólares arrecadados, ainda está atrás dos 2 bilhões da Warner. [isto deve mudar assim que "Star Wars: O Último Jedi" encerrar o primeiro fim de semana de exibição]. A Fox faturou 1,2 bilhão de dólares. Com a fusão, já podem se considerar na frente.




Ao longo desse tempo, Rupert Murdoch, o todo-poderoso dono da Fox, cansou de brincar de ser dono de estúdio, focando seu interesse no setor de notícias.

O flerte entre Fox e Disney começou por meio de intermediários. No início, a Disney tinha um concorrente também interessado na Fox, a Comcast. O mercado não acreditava que a Comcast fosse páreo para Disney, visto a sanha da dona do Mickey por agregar conteúdo diversificado.


As negociações seguiram até novembro quando estacionaram. No início de dezembro, a Comcast jogou a toalha. E nesta quinta-feira, 14, The Walt Disney Company e 21st Century Fox anunciaram por comunicado oficial a aquisição, realizada em troca de ações no valor de US$ 52,4 bilhões.




A compra abarca todos os bens de conteúdo. Bota aí: Twentieth Century Fox Film, Fox Searchlight Pictures, Fox 2000 e os estúdios de TV, junto com os canais regionais de variedades, como National Geographic e os negócios internacionais de TV a cabo.

Na parte de TV, a aquisição inclui a FX, FXX, Twentieth Century Fox Television e Fox21, abocanhando, inclusive, "Os Simpsons", "Modern Family", 'The American", "This is Us", etc.




Murdoch manteve os canais nacionais Fox Sports, Fox News, seus jornais impressos e leva, de quebra, o controle de 5% das ações da Disney. Parte do acordo, o estúdio também assume dívidas da Fox estimadas em US$ 13,7 bilhões [uma das principais motivações para Murdoch colocar a Fox pra jogo].

A fusão ainda não foi aprovada pelo governo norte-americano, o que pode se estender por meses. Após autorizada pelas autoridades, o CEO da Disney Robert Iger continuará na função até 2021.


Uma transformação histórica

A fusão representa um puta acontecimento no mercado do entretenimento. Historicamente, a Fox, criada em 1935, a partir de outra fusão, da Fox Film Corp., de William Fox com a 20th Century, de Joseph Schenck e Darryl F. Zanuck, e um dos seis grandes estúdios fundadores de Hollywood, deixa de existir.

Ainda é cedo pra avaliar o impacto desta negociação. Ela atinge o acesso e a distribuição de conteúdos importantes, como a maior parte do acervo cinematográfico de Carmen Miranda, pra citar algo que tem super a ver com os BRs.


Quanto ao negócio, toda fusão, invariavelmente, implica redução de custos, leia-se demissões. Dona de um dos mais eficientes departamentos de marketing e distribuição de Hollywood, a Disney deverá fazer cortes drásticos em pessoal na Fox.




O sindicato dos roteiristas já se posicionou contra "mais um movimento de coerção da competição". Duas horas após o anúncio da aquisição, divulgou nota onde afirma: "Os seis grandes estúdios sempre se esforçaram para controlar o mercado de trabalho da indústria do entretenimento, frequentemente às custas do trabalho dos criadores, que são a força motora da televisão e do cinema". E conclui, "Esta recente aquisição vai apenas tornar ainda mais grave este quadro."


O impacto no cinema independente

De fato, a fusão complica o setor de produtores independentes, incluindo a Fox Searchlight. A divisão de cinema independente da Fox é de um tempo em que todos os estúdios, Disney inclusive, mantinham um modelo de negócios que possuía múltiplas formas de conteúdo, com diferentes metas e custos de mercado.

Este modelo se esvaziou após a crise financeira de 2008. A fim de otimizar recursos, estúdios priorizaram o modelo "mega-blockbuster ou nada", cuja liderança agora é da Disney, dificultando a vida para projetos independentes.


Líder do setor, a Fox Searchlight tem uma história de sucesso, cheia de boas bilheterias e prêmios. "Juno", "Cisne Negro", "Quem Quer Ser um Milionário", "12 Anos de Escravidão", "O Grande Hotel Budapeste" e o esperado "A Forma da Água", que será lançado este ano, fazem parte do seu cardápio.


O futuro da Fox Searchlight é duvidoso. E, sem ela, o próprio cinema independente norte-americano corre risco. Isto gera consequências ainda maiores sobre a história e estética do cinema nos EUA, o que pode repercutir em todo o mundo.

Ainda sobre o mercado do entretenimento, um aspecto positivo é a liberdade que a Disney dá as marcas que adquiriu, Pixar, Lucasfilm e Marvel. Este modelo de negócio favorece o projeto de ser forte, em outras palavras altíssimo retorno do investimento, nos quatro perfis de público: homem jovem, mulher jovem, homem adulto, mulher adulta.

Projetos considerados fortes interessam a todos na indústria do cinema, incluindo salas de exibição em todo o mundo. O que, por si só, já é uma definição estética.

Como tudo, há sempre um outro ponto de vista:




O impacto no setor de streaming

A aquisição possibilitará, segundo a Disney, a criação de mais conteúdo, possivelmente para seu serviço de streaming cujo lançamento está previsto para 2019. É bom a Netflix ir botando as barbas de molho porque Mickey está faminto.


"A aquisição dessa estelar coleção da 21st Century Fox reflete o aumento da demanda dos consumidores por uma rica diversidade de experiências de entretenimento, que são mais convincentes, acessíveis e convenientes do que nunca", afirmou Robert A. Iger, chefe executivo da Disney.

Analistas, entretanto, ainda não se decidiram se a fusão trará impactos positivos ou negativos para o setor de streaming.


A Fox era dona de 30% do canal Hulu, humilde 3º lugar atrás da Netflix e Amazon Prime Video. O serviço tem pouquíssimo material original e está começando a bombar só agora, por conta do sucesso da série "The Handmaid’s Tale". A Disney, que já era sócia do Hulu, com a fusão será a controladora do canal com 60% das ações. Os outros 40% pertencem a Comcast e a Time Warner, 30 e 10% respectivamente.

De olho no streaming, a área mais aquecida do entretenimento, a Disney está mostrando a que veio desde que retirou seus títulos da Netflix, com clara intenção de se tornar uma opção competitiva.




Apostar no Hulu pode ser um caminho. Mas para os analistas, questões como a capacidade da Disney de entender a necessidade de diversidade e de segmentação para se dar bem nesse setor ainda precisam ser respondidas. Será que a empresa vai saber operar em uma escala menor, mais ágil e que não depende de retornos imediatos?

O lado bom é a expectativa de que com a entrada da Disney no setor, a concorrência ampliará seus catálogos a fim de se garantirem. Movimento que pode levar Netflix e Amazon a cobrir, quem sabe, furos de histórias e narrativas negligenciadas pela presença quase onipresente dos blockbusters no cinema.


Afinal, o que muda no mundo do entretenimento?

Quanto a filmes, séries e animações, que é o que interessa pra muita gente, tooodos os super-heróis da Marvel agora podem habitar o mesmo universo cinematográfico. Além disso, com a compra, Disney leva animações e séries para públicos de adultos e jovens adultos.

A empresa disse no comunicado oficial que possui agora produções picas renomadas da Fox. Inclusive aquelas que estão em produção ou prestes a ser lançadas. Duas adaptações de quadrinhos, por exemplo.


"Deadpool", 2ª maior bilheteria de um filme com censura rated [a maior nos EUA], com 363 milhões de dólares, tem a sequência prevista para estrear em junho de 2018. Já a franquia "X-Men" conta com dois filmes a caminho: "Os Novos Mutantes" e "X-Men: Fênix Negra".

No lançamento de "Logan" no início deste ano, Hugh Jackman brincou que Wolverine poderia deixar a aposentadoria se fosse para fazer um filme com os Vingadores. Com a compra, o mix dos personagens se torna possível.


Líder no setor de animações com os filmes da Pixar, a Disney inclui no portfólio as produções da Blue Sky, braço animado da Fox que tem o brasileiro Carlos Saldanha como um dos nomes mais importantes.

Após o sucesso de "A Era do Gelo" e "Rio", a Blue Sky lançará "O Touro Ferdinando", de Saldanha, em 4 de janeiro.


Tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas o que muda para o público? 

Talvez essa seja a melhor parte. Com a compra, a Disney reúne toda a "família Marvel", incluindo X-Men, Quarteto Fantástico e Deadpool. De agora em diante, TODOS os super-heróis da Marvel podem interagir em filmes, séries e animações.


Imagine as histórias e aventuras que prometem surgir. O blogueiro já quer um filme do herói boca suja com Homem-Aranha.




Olha, tá de parabéns, Disney.


Confira os mais novos integrantes da Turma do Mickey

Avatar
Com 2,78 bilhões, filme de James Cameron é a maior bilheteria da história do cinema. Tem quatro continuações para serem lançadas entre 2020 e 2025.

Deadpool
Segunda maior bilheteria de um filme com censura máxima nos EUA, o filme de 2016 tem sequência prevista para 1º de junho do próximo ano.

X-Men
A franquia volta aos cinemas com "Os Novos Mutantes" [e Alice Braga], em abril, e "X-Men: Fênix Negra", em novembro.

Planeta dos Macacos
O filme original fez sucesso no fim dos anos 1960 e início dos 1970. Resgatado pela Fox, a franquia voltou às tela em 2001 com direção de Tim Burton. Depois ganhou mais três sequências nos últimos seis anos. O mais recente, lançado este ano, teve fraco desempenho nos EUA, apenas 147 milhões de dólares, mas arrecadou 344 milhões no mercado internacional.

Animações
Não chega a ser uma Pixar, mas a Fox não faz feio. "A Era do Gelo" e "Rio" integram o portfólio do estúdio. "O Touro Ferdinando", de Carlos Saldanha, estreia em 4 de janeiro.

Todas essas produções e personagens agora são da Disney.







Veja as Top franquias do estúdio

Star Wars
"Despertar da Força" e "Rogue One" foram as maiores bilheterias de 2015 e 2016. Seguindo os passos dos filmes anteriores, "O Último Jedi" é aposta para repetir o feito em 2017

Pixar
"Procurando Nemo", "Frozen" e outros títulos rendem milhões em bilheteria. Os próximos lançamentos são "Viva: A Vida é uma Festa", em janeiro, e "Os Incríveis 2" em junho.

Marvel
A Disney tem os direitos da editora de quadrinhos. No cinema, os filmes com heróis Marvel derrotam as produções com personagens da rival DC cujos direitos foram adquiridos pela Warner. Vingadores ostenta a quinta maior bilheteria mundial.

Confira mais reações:














































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