Magalu abre programa trainee exclusivo para negros e gera debate sobre 'racismo reverso'


A rede de varejo Magazine Luiza acaba de anunciar a abertura das inscrições para seu programa de trainee 2021. 

Em decisão inédita, a empresa aceitará exclusivamente pessoas negras como candidatas. 



A intenção, segundo a rede de varejo, é trazer mais equidade para os cargos de liderança da empresa. 



Além disso, Magalu pretende promover a inclusão racial de modo a "ampliar a voz da negritude no processo de digitalização no Brasil".



O programa de aquisição de novos talentos da empresa foi discutido e montado com a participação de entidades dedicadas à promoção da equidade racial no país.



Dona e proprietária do Magalu, Luiza Trajano está convocando a tropa:



O processo seletivo aceitará candidatos de todo o Brasil [é obrigatório se mudar para São Paulo, para os que sejam de fora, mediante auxílio-mudança], formados entre 12/2017 e 12/2020, em qualquer curso superior. Serão seis etapas de seleção, a última delas, uma entrevista com o CEO Frederico Trajano.

Para a consultora e professora de MBA na área de Recursos Humanos, Jorgete Lemos, a iniciativa vem em um momento no qual as diferenças sociais e raciais ficaram escancaradas, tanto em razão da pandemia quanto em virtude dos protestos antirracistas nos EUA.

A decisão da empresa de abrir um programa trainee apenas para negros está sendo bastante elogiada.







Em contrapartida, Magazine Luiza está sendo acusada de "racismo reverso" [contra brancos] por conservadores.






Felipe Neto mandou o papo reto:. O influenciador tentou explicar algo que boa parte da branquitude ainda faz confusão.





A empresa respondeu aos parlamentares:










Sempre bom lembrar que:







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Preciso bater um papo com você, meu irmão branco. Um papo reto aqui entre nós que não somos o topo da pirâmide, mas estamos bem distantes da base. A gente precisa conversar sobre um monstro horroroso que a humanidade inventou lá atrás e até hoje deixa correr solto por aí: o racismo estrutural. É triste, mas nossa sociedade é feita todinha em cima disso. Nossos antepassados, ávidos por dinheiro, poder e terra, dizimaram povos, escravizaram pessoas e criaram um sistema de enriquecimento baseado na exploração de vidas humanas. E por mais longínquo que pareça, nós, os brancos de hoje, ainda nos beneficiamos desse método, porque nenhuma reparação foi dada aos descendentes dos povos escravizadoa. Pelo contrário. Até o início do século passado, essas pessoas eram proibidas de ter educação, possuir coisas, ter suas culturas respeitadas... E a gente aqui em 2020 precisa olhar pra isso com autocrítica e, principalmente, ação. Essa semana uma rede de lojas anunciou que contratará apenas pessoas pretas em UM de seus próximos processos seletivos para treiné. Vejo muitos irmãos brancos revoltados com a notícia. Acusam a marca de praticar um “racismo reverso” e não percebem que essa coisinha se contorcendo por se sentir excluído de algo é apenas a grande ficha caindo: nós temos todas as oportunidades e nunca fizemos nadica de nada para quem não tem as bochechas rosadinhas como nós. Eu sei que todo mundo passa por dificuldades mas, muitas vezes, essa dificuldade é ainda maior por conta da cor da pele. Acesso à educação e ao primeiro emprego para pessoas pretas não é “racismo reverso”. Até porque isso sequer existe. É a compreensão de que algo precisa ser feito para a base da pirâmide avançar e assim possamos, efetivamente juntos, construir uma sociedade mais justa e solidária. Lembre-se sempre, meu irmão branco, o “racismo reverso” é uma lenda urbana. Mas o racismo estrutural é real e muitas vezes tiramos proveito disso sem nem perceber. E é nosso dever acabar com esse ciclo. Não podemos mais adiar!

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