Pergunta de Fátima Bernardes sobre a escolha de quem salvar é de fácil resposta
Por Wagner Francesco
Veja o momento da enquete no Encontro.
“Quem salvar primeiro? Traficante em estado grave ou policial levemente ferido?”
Essa foi a pergunta que inundou a timeline do meu Facebook. E para a minha surpresa, a maioria optaria pelo policial e deixaria “o traficando se fu…. pra lá”. Para a minha surpresa, porque a maioria da galera que inunda a minha timeline é composta por cristãos. Por incrível que pareça, esse dilema é muito fácil de resolver. Eu nem diria, na verdade, que é um dilema.
Simples, em duas questões:
Primeiro: salvaria quem estivesse gravemente ferido: fazer o bem sem olhar a quem. Ou como dizia Jesus: Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos igualmente assim? (Mateus 5:46).
Segundo: qual a lógica de escolher o policial e deixar o traficante morrendo? Como saber se o traficante é realmente traficante ou se o policial não é mais um envolvido na milícia e que lucra com o tráfico de drogas?
E eu vi pessoas da área da saúde, médicos, enfermeiros e tal, dizendo que salvaria o policial levemente ferido. Um absurdo! Existe, claramente, um dever legal desses profissionais da saúde de defenderem a saúde de qualquer um, sem preconceito ou ideologia.
Existe, aliás, um parâmetro para definir quem ajudar primeiro: Emergência > Urgência. Um policial levemente ferido ou um traficante gravemente ferido? A emergência é atender o traficante. Dizemos isso porque somos comunistas e odiamos policiais? Claro que não! Parem com isso! É porque uma pessoa gravemente ferida é caso de emergência em comparação a alguém levemente ferido.
Como eu disse, é simples demais. Deveríamos optar pelo policial gravemente ferido e não pelo traficante levemente ferido. Ou pelo desconhecido gravemente ferido e não pelo conhecido levemente ferido. É questão de bom senso e inteligência.
Então a resposta correta ao dilema é:
O mais sensato é escolher o mais ferido. O mais inteligente é, na hora de ajudar alguém, não fazer acepção de pessoa. O triste é que, num país que se diz cristão, a gente precise ainda ensinar o óbvio! O que vocês andam aprendendo na igreja?
Essa coisa de que você deveria optar pelo menos ferido, porque é policial, e deixar o mais ferido, porque é traficante, é parte da ideologia de uma galera que quer jogar mais lenha na fogueira em um país onde policiais e traficantes são vítimas do mesmo inimigo: o Estado Moderno, esse comitê instituído para gerenciar os interesses da burguesia.
*Wagner Francesco é Teólogo com pesquisa em áreas de Direito Penal e Processual Penal. Publicado originalmente no Justificando.
O youtuber Felipe Neto também se posicionou, o vídeo está com mais de um milhão de views:
A polêmica acabou virando meme:
A escolha não era entre salvar um policial ou um traficante, mas entre atender primeiro quem estava em estado mais grave e depois o outro.— Não Me Kahlo (@NAOKAHLO) 21 de novembro de 2016
Um médico não pode priorizar o atendimento a um policial com uma mão quebrada em detrimento a um traficante MORRENDO com tiro no peito.— Snap: felipenetoreal (@felipeneto) 21 de novembro de 2016
Como visto, a ética médica não se atém a história de vida do paciente. Médico não é juiz. Não cabe a ele julgar.
Por último, uma imagem pra fazer pensar: