Perdigão é acusada de racismo em comercial. Campanha tem como objetivo falar de 'Generosidade'



Para a campanha de Natal, a Perdigão resolveu repetir pelo terceiro ano consecutivo a doação de chester. Desta vez a ação "Você compra um Chester, a Perdigão doa outro" está gerando enorme polêmica.

A campanha é acusada de racismo estrutural por mostrar uma família branca e rica doando o produto para uma família preta e pobre.


Confira o comercial no player acima.




A ação possui um segundo filme. Assista:



Se a ideia era falar em "generosidade" e evocar o espírito natalino, a Perdigão errou feio, errou rude ao reforçar estereótipos racistas.




Agência e marca não fizeram o dever de casa:




Como tudo no Brasil nos últimos anos, as opiniões estão bem divididas. Muita gente não viu nada demais nos comerciais. 


Tacale polêmica:



Olha quem também resolveu dar opinião:


Ele mesmo, o Meme da Barbie:


Muitos acusam os que se sentiram ofendidos de mimimi:


Será, de fato, vitimismo?


Há negros e brancos nos dois comerciais. 

O problema está na maneira como eles são representados, o que acaba contribuindo para a naturalização do racismo. Uma marca que se pretende socialmente responsável não pode cometer um equívoco como esse.


Na família rica aparece uma mulher negra jovem ao lado de outra mulher negra, ao que tudo indica sua mãe. Notem que o tom de pele delas é de uma negritude "aceitável", clara o suficiente para entrar na família de brancos.

A jovem negra está ao lado de um homem branco. O marido? Uma leitura possível é que negros estariam ali não por mérito próprio, mas porque um homem branco e magnânimo foi capaz de apaixonar-se por uma negra e casar com ela.


Na família pobre e negra também há pessoas de pele clara. A branquitude deles não é como a da família rica. Eles são vistos como pardos. 

Algumas pessoas podem não ver problemas nesse tipo de representação, mas ela reforça o racismo estrutural, aquele imperceptível que nos faz aceitar como normal algo que deve, sim, ser questionado e combatido.


Quem não sente na pele tem dificuldade para reconhecer a dor do outro. Nessas horas, o melhor a fazer é praticar a empatia e não acusar de vitimismo quem se sentiu atacado.

Do ponto de vista da publicidade, importante lembrar que Natal é tempo de união. Se um comercial de fim de ano está gerando mais treta do que união entre as pessoas, há algo de muito errado com ele. A ideia da doação de chester é boa, mas a maneira que os comerciais foram elaborados é ruim. A Perdigão deveria ter dialogado com representantes do movimento negro antes de lançar o comercial, como faz marcas como o Burger King.


Saiba mais sobre a campanha

Lançada ontem, a campanha da Perdigão foi parar no trending topics do Twitter BR na manhã desta terça-feira, 27, por conta da acusação de racismo. O objetivo, entretanto, é o oposto. A dona da marca, BRF, e a agência DM9DDB têm como intenção trabalhar o conceito "Generosidade".

Luciana Bulau, gerente-executiva de marketing da Perdigão conta que este é o ano de maior ênfase da campanha. "Pela primeira vez temos os dois pontos de vista: de quem doou e de quem recebeu. E é até uma forma de atestar o impacto da ação".

As diferentes perspectivas são retratadas nos dois comerciais veiculados em TV aberta - os tais filmes envolvidos na polêmica. Protagonizados por atores, o primeiro mostra a doação do chester e o segundo, os sentimentos evocados por aqueles que recebem o produto.


A campanha também realiza uma ação de merchandising no Caldeirão do Huck em que uma funcionária da Perdigão entrega o primeiro chester da campanha deste ano e dá início às doações.

Além da TV, a iniciativa contempla o documentário "Generosidade gera Generosidade", que acompanha a história de Cris dos Prazeres, moradora do Morro dos Prazeres, no Rio de Janeiro. Cris recebe um chester doado desde a primeira edição da campanha, em 2016 e, neste ano, decidiu retribuir e doar o produto para uma família carente.

Cris, como é chamada Zoraide Francisca Gomes, é ativista social em causas ligadas à saúde e ao meio ambiente. Morando no morro há 22 anos, a pernambucana participa de projetos pela reciclagem e dá aulas de linguagem digital a jovens da periferia. O documentário com sua história será exibido entre 6 e 15 de dezembro em 80 salas de cinema em São Paulo comercializadas pela FlixMedia e salas Cinemark ainda não divulgadas.


O documentário, produzido em colaboração com a Delicatessen Filmes, integra uma nova abordagem da campanha de Natal. A ideia, agora, é mostrar a história de quem recebe a doação e o impacto da ação em sua vida. O que explica o nome da campanha desse ano ser o mesmo do documentário, "Generosidade gera Generosidade".

Além da história de Cris, a Perdigão também mostrará em suas redes mais quatro depoimentos de famílias do Morro dos Prazeres que receberam a doação em anos anteriores. "É um local simbólico e reconhecido pelo público. Neste sentido, acreditamos que a escolha de procurar um personagem para o documentário tenha força para projetar ainda mais a ação, por ser uma comunidade com um número significativo de pessoas que foram beneficiadas com a ação de Natal da Perdigão desde o seu início, em 2016", conta Luciana. 


"Sempre falamos dela em material nos pontos de venda e na TV, mas nunca exploramos tanto. Até então não demos voz aos que recebiam as doações", diz a executiva sobre o foco nas doações. Segundo ela, isso acontecia por uma questão de ajuste logístico da ação nos últimos três anos que não permitia dedicação completa à comunicação. São doados 250 mil chesters por ano a famílias de 14 municípios brasileiros. De acordo com dados da Perdigão, dois milhões de pessoas foram atingidas nos três anos de ação. O Natal é uma época importante para a marca, que tem 51% do market-share entre aves especiais.

No digital, a campanha conta com publicações de receitas e um contador de chesters doados no site da marca.

Até o encerramento deste conteúdo, a Perdigão não havia se pronunciou oficialmente sobre a polêmica gerada pelos comerciais de TV.

Confira mais reações:











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