E se O Rei Leão acontecesse na Amazônia: bichos da floresta estrelam 'versão BR' da animação e denunciam queimadas


Já pararam para pensar se o clássico da Disney O Rei Leão se passasse no Brasil? Vilmar Rossi Júnior sim. O designer gráfico e ilustrador recriou cenas famosas do filme ambientadas em plena floresta amazônica.

Nas ilustras do bamba, em vez do leão, uma onça-pintada; sai o javali e entra um cateto; no lugar do suricate, uma irara, também chamada papa-mel.


Leões são os protagonistas na animação de 1994. Simba, Nala, Sarabi, Mufasa e Scar contracenam com o divertido suricato Timão, o desajeitado javali Pumba, o sábio pássaro hombil Zazu, o mágico macaco babuíno Rafiki e as tresloucadas hienas Shenzi, Banzai e Ed. A savana de pano de fundo se mostra imponente. 

Já na releitura do ilustrador brasileiro, as estrelas são animais da floresta amazônica, alguns deles também presentes em outros biomas do país. "Sou muito fã de animação e, conversando com minha esposa sobre política e o que está acontecendo, sobretudo no meio ambiente, a junção das ideias foi natural", disse ao G1.

"Eu gosto muito de 'mashups', pois a gente mistura dois temas muito conhecidos e gera um terceiro resultado e, nesse momento, gera uma leitura nova. No original a gente dá pouca atenção para a savana e foca no drama do jovem príncipe."


O hype em torno do live-action que estreou em 2019 foi o que deu o estalo em Rossi. "Eu me inspirei com a chegada do novo filme. Ao mudar o cenário, a gente passa a questioná-lo: se O Rei Leão fosse aqui, teria que lidar com o desmatamento, as queimadas, os madeireiros, os latifundiários, a extinção. O 'mashup' aflorou as questões ecológicas que se escondiam na animação original - e isso foi inesperadamente bom", avalia.


A primeira cena ilustrada por Rossi foi a do Hakuna Matata, que abre este post. "Ela tem uma certa alegria despretensiosa, sabe? De quem só estava se divertido... estava 'Hakuna Matata' [risos]. Mas gostei do resultado da cena da abertura, da conversa do Simba com o espirito do pai e da última, onde o Mufasa diz ao Simba que até onde a luz toca é o reino deles. Ao fundo, coloquei uma queimada, subindo um rolo de fumaça. Quem conhece o filme sabe que o Simba pergunta 'E aquele lugar escuro?'", explica.


"Alguns animais foram fáceis de escolher, mas tentei trazer espécies mais desconhecidas, como o araçari [em vez do tucano que todos já viram]. O Rafiki fiz, na primeira vez, um mico-leão, mas algumas pessoas chamaram a atenção de que ele não é tão típico da Amazônia. Então lembrei do uacari, que acho um macaco imponente, lindo. Agora, as hienas me deram dor de cabeça, pois não temos animais carniceiros desse tipo aqui. Até que o cachorro-do-mato-vinagre coube nesse papel", conta Rossi.


Em tempos de incêndios criminosos destruindo a floresta amazônica, a série de ilustrações de Rossi é mais pertinente do que nunca. O ilustrador dedicou uma arte para chamar atenção para as queimadas e alertar para a preservação do meio ambiente:



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